09 agosto 2006

Fantasia Sexual 2


















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Masturbava-se pela segunda vez imaginando-se ainda junto delas. Junto daquelas gatinhas quentes e fofas como ele jamais imaginara que as gatas pudessem ser.

Uma, a Gabriela, a activa, era jovem, morena, esbelta, cheirosa e mestre na sua arte. A outra, a Mimi, passiva, novinha ainda, era meiga, peludinha e com ar afável.
Ele entrou no quarto só com a Gabriela, a Mimi apareceu depois, sem se fazer anunciar. Saltou para cima da cama onde estavam os dois, já despidos e enrolados e quase o assustou.

G. - Oi Mimi, você veio prá cá?
M. - Miau - respondeu a gata, enquanto brincava com o soutien pendurado na cabeceira da cama, e fazia barulho com o guizo que trazia ao pescoço. E ali ficou até ao fim como se não fosse nada com ela.

31 maio 2006

Esse teu olhar...
























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Devagar, com suavidade, cada movimento durando o tempo exacto para ser perfeito, nem mais nem menos um segundo. Sentindo as texturas da roupa e da pele, suaves.
Ela fitou-o e no seu olhar ele leu um consentimento e continuou...
Uma alça do vestido azul. A outra. Um beijo no ombro nú. Outro no pescoço. Demorado. Provocando-lhe um arrepio.
Fez descer ainda mais as alças desnudando-lhe o dorso e revelando dois seios firmes, talvez os mais belos que alguma vez contemplara. Ela arfava à passagem dos seus dedos subindo as costas e descendo depois pela frente, apalpando-a, tomando as suas mamas nas mãos em concha e brincando descaradamente com os mamilos. Beijou-os. Mordiscou-os. Chupou-os. Primeiro um, depois o outro.

- És como os espanhóis? Vês com as mãos?

Não fazia ideia da origem deste comentário, mas lembrou-se dele enquanto a contemplava, lamentando-se por não ser castelhano.
Há já meia hora que, sentado naquela esplanada e na impossibilidade de o fazer com as suas mãos, a despia com o olhar.

15 maio 2006

Stress














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Sinto-me confuso! E cansado...
Durante todo o dia não consegui estar minimamente concentrado para realizar as tarefas que tenho pendentes.
Sinto as minha capacidades diminuídas e não sei porquê... sei apenas que estou ansioso pela chegada das 18h para escapar do escritório.
Tenho calor, apesar de o aparelho de ar condicionado estar ligado. E continuo a sentir-me confuso, baralhado, sem conseguir ordenar as ideias...
Estou farto deste trabalho, estou farto da incompetência que me rodeia... estou farto de ter de resolver os berbicachos que os outros criam... estou farto de ser o bom samaritano... ESTOU FARTO DESTA MERDA TODA!!!!
Sinto-me à beira da explosão... estou a atingir um ponto crítico e a paciência que me sobra é escassa... a qualquer momento uma pequeníssima gota d'água fará transbordar o copo. E vai ser feio de ver e ouvir...

12 maio 2006

Fantasia sexual 1






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Saiu do trabalho determinado. Desse dia não passava. Voltaria a ter sexo após cinco meses de celibato involuntário.
Consultou os anúncios online e escolheu uma opção em grande:


3 Génias do Sexo, Quer ter prazer a sério? Estamos aqui p/satisfazer seus desejos ! Três gatas dispostas a tudo !!! Atendemos homens e casais. Absoluto sigilo. Estamos à tua espera., 9xx xxx xxx

Desfez a barba, tomou um duche demorado, aproveitando para rapar novamente os pêlos do escroto que entretanto tinham crescido ligeiramente. Perfumou-se e vestiu-se.

Só depois deste ritual telefonou para o número indicado.

- Oi! - Ouviu do outro lado.
- Boa tarde. Vi o vosso anúncio e estou a ligar para saber quanto me custaria passar um bom bocado com as três.
- Olha, é assim, as três é noventa euros. Trinta cada uma.
- Pois, isso é um bocado. Vontade não me falta, mas a vida está puta... sem ofensa... o queria dizer é que não disponho desse dinheiro...
- Pode sempre aparecer, e depois escolhe se quer com uma, duas ou as três.
- Boa.
- Vai aparecer agora?
- Não sei. Pode ser agora? Ou é melhor mais tarde. Se calhar está na hora de jantar, não?
- Nós não estamos em casa agora. Só daqui a vinte minutos...
- Marcamos daqui a meia hora então. Onde fica o vosso apartamento?

E foi assim que ele combinou ligar novamente, daí a meia hora, quando estivesse na rotunda. Nessa altura seria informado da localização exacta do apartamento.

Aproveitou o tempo de que dispunha antes do encontro para comer qualquer coisa. Assim estacionou perto do local da tal rotunda e entrou numa pastelaria. Pediu uma tosta mista e um sumo. E enquanto aguardava teve ainda tempo de rever dois amigos que não encontrava há algum tempo.

À hora marcada, como definido, ligou e seguiu as indicações.

09 maio 2006

Um convite para jantar
























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-Um dia destes encho-me de coragem e convido-te para jantar!
A frase tinha sido pensada e repensada alguns dias antes, a oportunidade surgiu, mas nada fazia supor que a resposta, por trás daquele sorriso que só ela sabe fazer, fosse “Quando quiseres”. Num instante, que pareceu uma vida, senti-me o homem mais feliz e felizardo do mundo. Dada a importância do momento devia ter fixado que música passava, mas só me recordo do sorriso que só ela sabe fazer e de “Quando quiseres”. Como um adolescente, não…, como um adolescente não, pois em adolescente não me lembro de nada assim… Mas tive de contar a quem estava que a minha musa me respondeu “Quando quiseres” por trás daquele sorriso que só ela sabe fazer. Antes não tinha pensado em musa para a descrever. Deusa, preciosa, princesa… em suma: inatingível. Mas musa é o que me ocorre agora pois nunca tinha sentido uma necessidade tão forte de escrever como desde que, com aquele sorriso que só ela sabe fazer, me respondeu “Quando quiseres”. Fluem-me pensamentos, rápidos demais para os conseguir escrever, mas todos convergem naquele momento, congelado, único, em que me atrevi, envergonhadamente, a convidá-la para jantar. Já imaginei inúmeras situações nestes poucos dias que se passaram desde que ouvi “Quando quiseres” e vi aquele sorriso que só ela sabe fazer. Em todas elas me sinto a acreditar em impossíveis. Em todas sonho muito, muito alto com voos a que nunca chegarei e depois lembro-me do herói que fui por a ter convidado para jantar.
A hipótese de poder estar sozinho com a minha musa, a conversar enquanto jantamos e bebemos um vinho – se calhar ela nem gosta de vinho…- deixa-me apavorado, no entanto, entusiasmadíssimo. A ansiedade apodera-se de mim! Onde a vou levar? Ou faço o jantar em casa? O que pensará se a convidar para minha casa? Esta insegurança mata-me. “Quando quiseres” dito com aquele sorriso que só ela sabe fazer provocou-me a melhor sensação que jamais tive…está a ser horrível… Que “Quando quiseres” é este, afinal? “Quando quiseres conhecer-me melhor e sermos amigos”?; “Quando quiseres! Assim ficas sem resposta e calas-te”?; “Quando quiseres. Também gostava de te conhecer melhor”?; “Quando quiseres”…



Saímos do restaurante, à nossa espera estão quatro amigos. Ela não sabia que eles vinham e enquanto lhe ofereço uma rosa, as guitarras e bandolins soam naquele início de uma noite muito longa! No final da serenata restamos os dois… e a rosa… e aquele sorriso que só ela sabe fazer! Não consigo arriscar a sonhar mais que isto. Não imagino que consequências terá. E é este limite que me atormenta. Mas se me atrever ao que descrevi, quaisquer que sejam os resultados terá valido a pena ouvir aquele “Quando quiseres” com o sorriso que só ela sabe fazer!

(Escrito em Mar/2002)

02 maio 2006

Salsa
























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Deixo-me levar pelo som de Björk enquanto passo em revista as últimas horas.
Mas só consigo recordar o teu sorriso, o teu perfume, cujo aroma ainda consigo sentir, o teu corpo encostado ao meu, o teu cabelo na minha face, a tua voz de menina.

1,2,3... 5,6,7... 1,2,3... 5,6,7... os timbales, congas e cowbells marcavam a base rítmica. Trompetes, trombones, piano e voz completavam harmónica e melodicamente aqueles sons quentes. Todavia a dança foi só uma desculpa, o que realmente eu fazia era admirar o teu sorriso, absorver o teu perfume enquanto o teu corpo se aproximava do meu e o teu cabelo acariciava a minha face. Podia até nem haver música e dançaria contigo a noite toda...

Movie Maker

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Fiquei a ver televisão até agora para tentar distrair, ou enganar, um pensamento que me acompanhou todo o dia. Na hora de deitar, porém, tenho de recorrer a estas linhas...

Quase perdi a conta ao número de vezes que isto me aconteceu: questionar-me se valerá a pena tentar algo mais do que a amizade com uma amiga próxima. É sempre por alguém próximo que tenho estes sentimentos, porque são mulheres que conheço melhor, logo é-me mais fácil perceber se me agradaria passar mais e melhor tempo com elas. Mas começa a ser desgastante esta repetição. Já me cansa. Temo até pensar nisso de cada vez que julgo haver um sentimento mais forte por alguém.
Este filme eu já conheço. O argumento é sempre o mesmo: rapaz conhece rapariga; rapaz e rapariga tornam-se muito amigos; rapaz acha que pode acontecer algo mais entre os dois; rapariga tem-no apenas como bom amigo; rapaz e rapariga continuam amigos; rapaz continua sozinho.
O actor também não muda. A actriz principal sim, vai sendo diferente. E chego a pensar se não será uma maldição para qualquer mulher que venha a ser minha amiga ter de suportar esta minha tara.
Peço-te desde já desculpa por te fazer passar por isto. Acredita que tentei que não acontecesse. Por ti, especialmente. Mas também por mim, sem dúvida. Porque no final deste filme ficam todos amigos, mas nem todos são felizes para sempre.
Vejo aqui o acenar de outro argumento conhecido: o do “coitadinho” de que ninguém gosta. Recuso entrar nessa película! Sei que muita gente gosta de mim. Digo-o sem presunção, mas a verdade é que as circunstâncias mostraram-me isso. Contudo o que procuro não é a amizade, - essa, quero preservá-la - antes o amor, o carinho, a carícia, a partilha. Tudo o que signifique não ter de enfrentar sozinho uma casa vazia todas as noites. Encontrar em ti o que busco era o que de melhor me podia acontecer.
Não desejo caridade com estas palavras (podem perceber-se assim, por descuido...), mas se te achas capaz de arriscar, se achas que merecemos esse risco sem corrermos riscos desnecessários, não adiemos esta tentativa de felicidade. Contigo, gostava de rescrever o final deste filme.

(Escrito a 31/Ago/2004)

27 abril 2006

Organizer

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Algo que eu fazia amiúde há poucos anos atrás era aquilo a que chamava "organizar ideias". Bastava-me para tal dar um passeio descontraído a pé, sentar-me no sofá a ouvir música, deitar-me e só adormecer meia hora depois ou ir a um local como este e olhar o horizonte distante.
Actualmente, a par da papelada, dos ficheiros no computador, das coisas da casa, dos projectos futuros, a par da minha vida, não sei o que é organizar o que quer que seja. Nem mesmo ideias...

A vida está puta?

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Vim para descansar. E realmente o corpo está mais relaxado. Já a mente, nem por isso...
Acalmam-me locais como este. Locais donde se vê a linha do horizonte lá muito ao longe.

É noite mas ouvem-se muitos pássaros (gostava de saber identificá-los pelo chilrear). Também eles estarão agitados, doutra forma não se ouviriam a esta hora.

Uma vez mais não estou a conseguir rentabilizar o tempo passado nestas paragens. E mesmo o pouco que preciso fazer fica adiado uma e outra vez... Como aquela conversa que urge acontecer, mas para a qual não estou preparado. Não sei como a começar porque receio como acabará... E a cada dia novas e pequenas revelações vão ajudando a aumentar esse receio.

Reparo que, na realidade, não confio em ninguém. A par de frustado e perdedor nato, tornei-me também desconfiado crónico. Tento não me desculpar com as vicissitudes da vida, mas na verdade alguns acontecimentos têm sido difíceis de ultrapassar e moldaram-me/mudaram-me o carácter.

Não reconheço em ninguém, actualmente, a capacidade de fazer uma observação que eu leve realmente em conta. Seja porque me parecem comentários apenas politicamente correctos, quando abonatórios, seja porque lhes sinto a falta de fundamento, por não conhecerem a história toda, quando se trata de críticas.

Ouvi em tempos um ancião queixar-se: "A vida está puta!" e outro emendou: "A vida é puta!".
Discordo dos dois. Pois se a vida fosse puta, por cerca de 50 euros podíamos ter, pelo menos, meia horita de prazer...

21 abril 2006

O Poço

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Por vezes tenho medo de mim... ainda não há muitos meses atrás estive muito perto de conhecer o outro lado. Um lado que não conhecia e me assustou. Pela primeira vez senti-me muito vulnerável, capaz de desabar.
Não imaginava que o poço fosse tão fundo, a ponto de não se ver o topo, lá de baixo.
Julgo que agora já vou vendo o que se passa no mundo cá de cima. De vez em quando vou espreitando cá para fora, mas a luz ainda é muito forte e a subida foi árdua. Preciso de uns óculos de sol, um protector solar e de recompor as forças. Mas tenho consciência de que voltarei diferente. Só não posso desequilibrar-me, agora que estou quase a sair do poço!

(Escrito a 7/Jun/2005)

Nevoeiro

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À distância de um ano e tal ou talvez dois anos, consigo identificar um dos pontos de viragem...
Estou a ouvir o CD que ela me deu e volto a viver o que vivi então... É impressionante como todos os acontecimentos posteriores a essa data se misturam sem que os consiga ordenar muito bem quer cronológica, quer emocionalmente (e alguns bem mais marcantes)... parece que tudo converge nesse episódio que aparentemente não consegui ultrapassar da melhor forma...

(Escrito a 7/Jun/2005)

Impessoal e transmissível
























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Aquele final de tarde frio, do penúltimo dia do ano foi o ponto de viragem, ou pelo menos ele assim pensou. Ao sucumbir à tentação sentiu-se a pisar um risco que ele próprio tinha traçado. Agora que passaram umas horas tenta recordar a situação ou talvez esteja a fazer mais que isso, agora que passaram umas horas tenta construir a recordação tal como a quer guardar.
A experiência não foi extraordinária. Aliás, essas experiências nunca são extraordinárias. Foi a sensação de proibido que lhe fez imaginar que seria melhor e por isso precisa ajustar alguns detalhes para diminuir o desapontamento. Mas esta é mais uma história para (não) contar um dia.
- Entra. A porta já abriu? - perguntou uma voz feminina, brasileira.
- Não, ainda não. - respondeu ele na entrada do número 45.
- Eu desço já a abrir então.
Ele esperou uns segundos e quando a viu abrir a porta achou por momentos que ía gastar muito mal aquele dinheiro. Seguiu-a, com calma, enquanto ela corria pelas escadas acima e entrou naquele primeiro andar.
- Pode entrar nesse quarto. A menina vem já. - e deixou-o, entrando noutra divisão. Então ele compreendeu que não era com aquela mulata gorda, baixa e que devia bastante à beleza que gastaria os cinquenta euros.
Uma luz vermelha iluminava mal aquele quarto muito quente onde um radiador a óleo parecia estar ligado há horas. Encostada à parede esquerda estava uma cadeira, à direita a cama e duas mesinhas de cabeceira. Na mesinha mais afastada viu um rolo de papel de cozinha, na outra um rádio.
- Percebeu como é? - perguntou ela ao regressar - Inclui massagem, sexo oral e sexo vaginal, como eu disse ao telemóvel.
- Sim, percebi.
- Aqui está ela! Uma gatinha só p’ra você!
- Oi! - disse uma voz meiga. A voz de uma moça nova de tez morena, quase mulata, quase despida que entrou e o cumprimentou com dois beijos nas faces.
Era uma jovem bonita, de cabelos escuros, compridos, ligeiramente ondulados, cujo corpo, maravilhosamente esculpido, vestia apenas duas peças ocres que cobriam os seios e o ventre. Trazia lençóis brancos nas mãos, que pousou na cama, fechou a porta do quarto vermelho e quente e ligou o leitor de CD.
- Tire sua roupa e pouse aí. - disse, apontando a cadeira. E enquanto ele se despia, nervoso, olhava-a despindo-se, apreciando aquele corpo que tocaria e tomaria dentro em breve. A diferença no número de vestuário fê-lo demorar mais a desdunar-se, pelo que ela foi fazendo a cama com os lençóis que tinha trazido. Quando acabaram - ele de despir-se, ela de fazer a cama - os dois corpos aproximaram-se tocando-se levemente.
- Tens um corpo fantástico! - elogiou ele.
- Obrigada. Você já esteve antes com uma gatinha assim linda que nem eu?
- Não, nunca. - respondeu esboçando um sorriso. Aliás, há muito que não estava com mulher alguma, bonita ou feia - se é que o verbo estar é o indicado para o que se descreve aqui.
- Hum, está cheiroso, você! - deixou fugir ela ao beijar-lhe o pescoço, fazendo depois a sua boca percorrer lentamente aquele tronco nú, demorando-se um pouco mais aqui e ali. Por esta altura ele tinha-se-lhe rendido e tentava identificar todos os pontos do seu corpo que tocavam o dela.

(Escrito em Dez/2002)

Cobardia

- Isso é cobardia! – disse-lhe ela.
- Eu sei. – consentiu ele – Mas de momento não me sinto capaz de outra atitude.

E é atrás desta cobardia que ele continua a esconder-se. Assumiu-se como um cobarde e frustrado nato e mostra uma relutância enorme em fugir a essa condição.

Por vezes entusiasma-se um pouco mais que o habitual com uma ou outra ideia nova, mas depressa desiste face à primeira adversidade (mesmo que seja apenas hipotética) e rápida e facilmente encontra uma desculpa para abandonar o novo projecto. Alguns desses desafios prolongam-se por meses ou mesmo anos e, sem lhes dar avanço, mantém-nos como prioritários, usando-os frequentemente para justificar o abandono de outros. Mas quando lhe perguntam em que estado estão os tão afamados e longos projectos, raramente tem novidades, e qual “pescadinha de rabo na boca” tira do saco uns quantos projectos novos que o têm impedido de realizar os antigos...

Há já uns quantos amigos que o vão topando, e das duas, uma: ou deixam de lhe perguntar como vão as coisas, ou se lhe perguntam, rapidamente o interrompem pois sabem de cor o tipo de resposta que ele vai usar.

- Isso é cobardia! – disse-lhe ela.
- Eu sei. – consentiu ele – Mas de momento não me sinto capaz de outra atitude. Da última vez que me fui abaixo senti-me a bater no fundo do poço. Foi muito mau... Não quero voltar a passar pelo mesmo. E por isso não me deixo entusiasmar demasiado com nada. Assim mantenho-me num patamar quase neutro, sem altos nem baixos. Pois quanto mais alto se sobe, maior é a queda, não é isso que dizem? E eu não quero voltar a cair... E o que me assusta mais não é a queda. É ter a noção que não tenho forças suficientes para me voltar a levantar!

- Isso é cobardia! – disse-lhe ela.
- Eu sei. – consentiu ele.