09 maio 2006

Um convite para jantar
























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-Um dia destes encho-me de coragem e convido-te para jantar!
A frase tinha sido pensada e repensada alguns dias antes, a oportunidade surgiu, mas nada fazia supor que a resposta, por trás daquele sorriso que só ela sabe fazer, fosse “Quando quiseres”. Num instante, que pareceu uma vida, senti-me o homem mais feliz e felizardo do mundo. Dada a importância do momento devia ter fixado que música passava, mas só me recordo do sorriso que só ela sabe fazer e de “Quando quiseres”. Como um adolescente, não…, como um adolescente não, pois em adolescente não me lembro de nada assim… Mas tive de contar a quem estava que a minha musa me respondeu “Quando quiseres” por trás daquele sorriso que só ela sabe fazer. Antes não tinha pensado em musa para a descrever. Deusa, preciosa, princesa… em suma: inatingível. Mas musa é o que me ocorre agora pois nunca tinha sentido uma necessidade tão forte de escrever como desde que, com aquele sorriso que só ela sabe fazer, me respondeu “Quando quiseres”. Fluem-me pensamentos, rápidos demais para os conseguir escrever, mas todos convergem naquele momento, congelado, único, em que me atrevi, envergonhadamente, a convidá-la para jantar. Já imaginei inúmeras situações nestes poucos dias que se passaram desde que ouvi “Quando quiseres” e vi aquele sorriso que só ela sabe fazer. Em todas elas me sinto a acreditar em impossíveis. Em todas sonho muito, muito alto com voos a que nunca chegarei e depois lembro-me do herói que fui por a ter convidado para jantar.
A hipótese de poder estar sozinho com a minha musa, a conversar enquanto jantamos e bebemos um vinho – se calhar ela nem gosta de vinho…- deixa-me apavorado, no entanto, entusiasmadíssimo. A ansiedade apodera-se de mim! Onde a vou levar? Ou faço o jantar em casa? O que pensará se a convidar para minha casa? Esta insegurança mata-me. “Quando quiseres” dito com aquele sorriso que só ela sabe fazer provocou-me a melhor sensação que jamais tive…está a ser horrível… Que “Quando quiseres” é este, afinal? “Quando quiseres conhecer-me melhor e sermos amigos”?; “Quando quiseres! Assim ficas sem resposta e calas-te”?; “Quando quiseres. Também gostava de te conhecer melhor”?; “Quando quiseres”…



Saímos do restaurante, à nossa espera estão quatro amigos. Ela não sabia que eles vinham e enquanto lhe ofereço uma rosa, as guitarras e bandolins soam naquele início de uma noite muito longa! No final da serenata restamos os dois… e a rosa… e aquele sorriso que só ela sabe fazer! Não consigo arriscar a sonhar mais que isto. Não imagino que consequências terá. E é este limite que me atormenta. Mas se me atrever ao que descrevi, quaisquer que sejam os resultados terá valido a pena ouvir aquele “Quando quiseres” com o sorriso que só ela sabe fazer!

(Escrito em Mar/2002)

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