14 janeiro 2012

Faltas-me tu!

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Faltas-me tu! Percebo a tua ausência em cada minuto; Sinto-me incompleto a cada noite que não estás a meu lado; E cada mês que passa é mais difícil de suportar. Já são muitos anos sem ti e ainda não me habituei à ideia.
Não imaginas a quantidade de peripécias, gargalhadas, lágrimas, músicas, silêncio, cheiros, cores, paisagens que quis partilhar contigo. Mas tu não estavas... Faltou-me aquele teu olhar cúmplice, aquele teu piscar de olho, aquele teu toque discreto por baixo da mesa, aquele teu riso... aquele teu silêncio.
Podes não acreditar, mas não encontrei substituta ao teu nível. Bem que procurei quem pudesse preencher alguns desses teus requisitos – já não pedia que fossem todos – mas tem sido tarefa vã.
E aqui estou novamente, naquela esplanada de onde se vê de cima a cidade – lembras-te? – a partilhar a música ambiente com dois pares de namorados. Daqui tem-se uma vista privilegiada sobre a cidade e não sendo cedo percebe-se ainda muito movimento.
Pergunto-me se andas por aí... Vais sair hoje? Se calhar eram do teu carro as luzes que acompanhei com mais atenção, há uns instantes atrás. Se bem que me chegaram uns rumores de que já não moras cá. Uns, dizem que mudaste de cidade, outros, que mudaste de país. Não me surpreendia. Sempre foste de levar as tuas ideias avante. É também isso que me atrai em ti!
Não te conheço ainda, é verdade. Ainda não sei quem és. Mas sabes que não descansarei enquanto não te encontrar.
Estejas onde estiveres.

(Escrito em Junho/2005)

Bandeirada


























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Devido a uma avaria no meu carro, ontem e hoje tive de requisitar o serviço de táxi para me deslocar para o trabalho. Talvez já há uns 10 anos que não andava de táxi. Na altura, ao chegar a Braga depois dos fins-de-semana em família, usava este meio de transporte para ir da Central de Camionagem para casa.

E ao fim destes 10 anos, de novo os suores frios se apoderaram de mim... O que julgava ultrapassado ou esquecido reapareceu. Aquela sensação aterradora por que todos passamos ao entrar num táxi. Voltou aquela dúvida. Aliás, voltou A DÚVIDA!

- Sento-me à frente - ao lado do taxista - ou no banco de trás?

Fico sempre nervoso perante esta escolha... O tempo que medeia entre o táxi parar e eu entrar nele parece infinito. Consigo nesses escassos segundos analisar quase todos os prós e contras de cada opção.
Se escolho ir atrás pode parecer que quero manter a distância com o condutor, numa postura altiva ou de superioridade. Por outro lado, ir à frente presupõe uma proximidade que na realidade não existe com a agravante de ser suposto "fazer" conversa.

E isto de conversas de circunstância é das pior coisas por que posso passar. O mais frequente é manter-me calado, após indicar para onde quero ir. Mas o silêncio que se instala pode ser deveres incómodo, interrompido a espaços pelo som distorcido da central: "tsssst... Carro 38 à Rua do Raio... tsssst... junto ao Centro Comercial do Rechicho... tsssst..." E depois, de novo o silêncio.

Por vezes, um ou outro taxista, tenta começar uma dessas conversas com as deixas habituais:
- "Em pleno Verão e de chuva... isto já ninguém percebe nada. Nem se sabe com que roupa devemos sair de casa... mas pelo menos dá uma ajudita aos Bombeiros, que isto este ano parece que ainda está pior que o ano passado."
- "Pois é", respondo eu.
- "Mas a culpa é do Governo, é uma cambada de chupistas. É só Venha a nós, Venha a nós, e o Zé Povinho é que se lixa..."
- "Mas a culpa de quê? Da chuva, da roupa ou dos incêncios?"
- "De tudo! Que eles vão p'ra lá, mas não percebem nada daquilo. É só tachos..."
- "Pois, mas por muito maus que sejam, estão lá porque alguém votou neles."
- "Eu é que não fui! Já não voto vai p'ra mais de seis anos, qu'eu não acredito em nenhum. São todos uns aldrabões... Não se aproveita nenhum."
Por esta altura a conversa começa a deixar de ser de circunstância. Começo a ter vontade de argumentar mas, (in)felizmente, estou a chegar ao destino...

- "São três euros e cinquenta e quatro."
- "A conversa está incluída?"

(Escrito em Julho/2005)

O Almoço
























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Foi um almoço leve (mas com o peso do mundo).
Foi um almoço breve (e que soube a eternidade).
Quero lembrar-me de tudo e não consigo! A memória... (ah, a memória...)
Tu comeste uma sopa e um sumo. Eu, uma salada e gelatina... ou foi ao contrário?
Só me lembro do teu sorriso e do teu perfume.
Falámos de quê...?
Chegámos a falar?
O sorriso. Sim, do teu sorriso lembro-me bem. E do perfume, também não esqueci o teu perfume.
Queria perguntar-te tanta coisa. Não me lembro se o fiz... não me lembro se deixaste... não me lembro se fui capaz...
Mas do sorriso lembro-me bem. E do perfume. Do perfume também.
No final, se calhar ficámos a saber o mesmo um do outro. Se calhar porque foi um almoço leve. Se calhar porque foi um almoço breve.
Mas agora conheço o teu sorriso.
E o teu perfume.

(Escrito em Setembro/2005)

25 novembro 2010

Amigos, amigos, mudanças à parte...

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A poucas semanas de iniciar uma nova etapa da minha vida, a ansiedade e o entusiasmo de querer começar rapidamente essa experiência contrastam com a surpresa e alguma consternação, ao sentir a forma como alguns dos que me são próximos encaram esta minha opção.

Embora essa não seja normalmente a minha atitude em relação a amigos que mudam de cidade ou mesmo de país, compreendo que outros, sobre esta minha mudança, fiquem de alguma forma tristes pela minha ausência no dia-a-dia. É legítimo e mesmo lisonjeador.

Esperava duas coisas depois de ter anunciado a minha partida: primeiro a franqueza, caso não achassem que esta fosse uma boa ideia, mas apresentando-me argumentos que pudéssemos debater e que eventualmente me ajudassem na decisão e, posteriormente, que me transmitissem apoio e desejo de sucesso.
Contudo o que está a ser difícil perceber é que, por entre comentários indirectos ou mesmo velados me façam sentir como se eu não tivesse pensado a sério neste projecto, ou como se esta fosse uma alternativa absurda da qual me irei arrepender...
E não é com certeza por me apoiarem nesta empreitada que eu vou interpretar isso como se me quisessem ver pelas costas, bem pelo contrário.
Chega a parecer que desejam o meu fracasso para que regresse rapidamente à cidade de onde ainda não parti, e para que possam dizer de forma condescendente "Eu disse-te!".
Mas, na realidade, não disseram, não dizem, nada.

Costuma dizer-se que só se conhecem realmente os amigos nos maus momentos. Desta vez sinto o inverso. Estão a revelar-se algumas amizades interessantes ou a reforçar-se outras de que nunca tive dúvidas. E é essencialmente entre os que sempre considerei conhecidos – mesmo que o tempo partilhado com eles seja mais do que com alguns amigos – que este episódio está a ajudar a distinguir quem é quem.

20 agosto 2009

New Addiction

























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Fazes-me bem!
Volto a sentir vontade de me aproximar de alguém. De me aproximar de ti.

Fazes-me bem!
Descobri isso há pouco tempo. Redescobri essa sensação quase perdida de desejar e sentir-me desejado.

Fazes-me bem!
Porque, e julgo que o sabes, me estás a libertar. Não me importa se tens todas as qualidades que costumo procurar numa mulher. As que tens bastam-me, estou a gostar de tudo o que vou conhecendo de ti.

Fazes-me bem!
Como um medicamento que cura muitos males. E cujo efeito secundário é deixar-me num estado de constante bem-estar. Basta-me pensar em ti e imediatamente sorrio! É bom passar os dias assim.

Fazes-me bem!
Porque me sinto a inciar um novo ciclo. E não me interessa como vai acabar, apenas que me sabe muito bem estar a vivê-lo.

Fazes-me bem!
Quando te endereço um elogio e o sabes receber na medida exacta, sem excessos, seja de modéstia, seja de presunção. E também quando és tu a referir algo de positívo sobre mim, pois não me parece que o faças de forma gratuita, ou como mera "troca de galhardetes".

Fazes bem!