27 abril 2006

A vida está puta?

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Vim para descansar. E realmente o corpo está mais relaxado. Já a mente, nem por isso...
Acalmam-me locais como este. Locais donde se vê a linha do horizonte lá muito ao longe.

É noite mas ouvem-se muitos pássaros (gostava de saber identificá-los pelo chilrear). Também eles estarão agitados, doutra forma não se ouviriam a esta hora.

Uma vez mais não estou a conseguir rentabilizar o tempo passado nestas paragens. E mesmo o pouco que preciso fazer fica adiado uma e outra vez... Como aquela conversa que urge acontecer, mas para a qual não estou preparado. Não sei como a começar porque receio como acabará... E a cada dia novas e pequenas revelações vão ajudando a aumentar esse receio.

Reparo que, na realidade, não confio em ninguém. A par de frustado e perdedor nato, tornei-me também desconfiado crónico. Tento não me desculpar com as vicissitudes da vida, mas na verdade alguns acontecimentos têm sido difíceis de ultrapassar e moldaram-me/mudaram-me o carácter.

Não reconheço em ninguém, actualmente, a capacidade de fazer uma observação que eu leve realmente em conta. Seja porque me parecem comentários apenas politicamente correctos, quando abonatórios, seja porque lhes sinto a falta de fundamento, por não conhecerem a história toda, quando se trata de críticas.

Ouvi em tempos um ancião queixar-se: "A vida está puta!" e outro emendou: "A vida é puta!".
Discordo dos dois. Pois se a vida fosse puta, por cerca de 50 euros podíamos ter, pelo menos, meia horita de prazer...