02 maio 2006

Movie Maker

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Fiquei a ver televisão até agora para tentar distrair, ou enganar, um pensamento que me acompanhou todo o dia. Na hora de deitar, porém, tenho de recorrer a estas linhas...

Quase perdi a conta ao número de vezes que isto me aconteceu: questionar-me se valerá a pena tentar algo mais do que a amizade com uma amiga próxima. É sempre por alguém próximo que tenho estes sentimentos, porque são mulheres que conheço melhor, logo é-me mais fácil perceber se me agradaria passar mais e melhor tempo com elas. Mas começa a ser desgastante esta repetição. Já me cansa. Temo até pensar nisso de cada vez que julgo haver um sentimento mais forte por alguém.
Este filme eu já conheço. O argumento é sempre o mesmo: rapaz conhece rapariga; rapaz e rapariga tornam-se muito amigos; rapaz acha que pode acontecer algo mais entre os dois; rapariga tem-no apenas como bom amigo; rapaz e rapariga continuam amigos; rapaz continua sozinho.
O actor também não muda. A actriz principal sim, vai sendo diferente. E chego a pensar se não será uma maldição para qualquer mulher que venha a ser minha amiga ter de suportar esta minha tara.
Peço-te desde já desculpa por te fazer passar por isto. Acredita que tentei que não acontecesse. Por ti, especialmente. Mas também por mim, sem dúvida. Porque no final deste filme ficam todos amigos, mas nem todos são felizes para sempre.
Vejo aqui o acenar de outro argumento conhecido: o do “coitadinho” de que ninguém gosta. Recuso entrar nessa película! Sei que muita gente gosta de mim. Digo-o sem presunção, mas a verdade é que as circunstâncias mostraram-me isso. Contudo o que procuro não é a amizade, - essa, quero preservá-la - antes o amor, o carinho, a carícia, a partilha. Tudo o que signifique não ter de enfrentar sozinho uma casa vazia todas as noites. Encontrar em ti o que busco era o que de melhor me podia acontecer.
Não desejo caridade com estas palavras (podem perceber-se assim, por descuido...), mas se te achas capaz de arriscar, se achas que merecemos esse risco sem corrermos riscos desnecessários, não adiemos esta tentativa de felicidade. Contigo, gostava de rescrever o final deste filme.

(Escrito a 31/Ago/2004)